terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Já dá pra ser feliz

"Você já é quem quis ser. Você já tem a vida que queria. Você já é, não precisa ficar lutando para construir sua própria personalidade, você já é quem sempre quis ser. Agora é só viver".

Das coisas que você fala pra outra pessoa, mas é pra você mesmo.


sábado, 26 de novembro de 2016

Guardar uma coisa é estar acordado por ela

Guardar
 Antonio Cicero



Guardar uma coisa năo é escondę-la ou trancá-la.
Em cofre năo se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa de vista.

Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.

Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.

Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que um pássaro sem vôos.

Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Caverninha do afeto distorcido

Quando alguma coisa bate fundo no coração mas acontece só de um lado, a gente se apega a todo sentido que aquilo tem dentro do peito e segue alimentando com mais e mais justificativas bobas e acaba criando uma caverninha do afeto distorcido.

Se a gente não cuida e não tem um mínimo de senso de sobrevivência, logo fica preso lá dentro achando que as sombras que vê na parede da caverninha são a própria vida.

E não são, né? É melhor sair lá fora e ver o sol.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Será?


Será que um dia você vai saber o que quer da vida sem ter alguém pra te apontar o caminho? Um dia, me diga, rapaz, um dia você vai acordar e decidir que o melhor, a partir de agora, é seguir sua intuição e dar adeus a todos os planos certinhos que fez e que não te levam mais a lugar nenhum?

Um dia você vai optar, por conta própria, por abandonar as regras às quais tanto se apega para não se perder no caminho, e colocar os pés na direção do que pode ser o certo, ou pelo menos o melhor, pra você?

Vai assumir os riscos de uma vida sem certezas, de muitas perguntas e quase nenhuma resposta exata? E poderá lidar com isso?

Vai se deixar abrir um pouco, para pelo menos tentar responder novos questionamentos sobre si mesmo? Ou continuará se apoiando em crenças absolutas, ideais outrora definidos e já borrados, cenários que um dia vão se desmanchar (porque são gigantescas miragens) assim que você chegar perto?

Um dia, querido, você vai olhar pro lado, nem que seja por curiosidade, ou será que vai continuar andando em linha reta sem pensar no que há à sua volta? Vai perceber que a estrada a gente faz ao andar, que ela nunca estará pronta?

Eu sei que parece ser mais fácil viver com pretensas certezas. A gente cria (ou acha que cria) um jeito de pensar, de viver, então compara a nossa vida com a dos outros, mede aqui e ali e busca o carimbo da aceitação, costurando o jeito de uma pessoa e de outra e um bom pensamento com outro mais ou menos coerente até achar que já tem o suficiente pra dizer que aquilo ali, aquele tecido meio torto, com furos escondidos, é o seu jeito de viver e ele é bom e você não precisa de novos modos de costurar porque ele já está definido e chega disso.

Mas, querido, a gente nunca termina de criar essa coisa maluca e viscosa com o que nos vestimos pra enfrentar o mundo todos os dias. E por isso a gente precisa continuar buscando novas formas - de preferência mais interessantes e menos dolorosas do que encontramos até agora - de viver. E te digo, não é fechando os olhos pro que existe em volta que eu, você ou qualquer um vai poder ser feliz de verdade.

O que é verdade?, você me pergunta. Eu não sei, não. Mas pra descobrir você vai ter de tirar as duas mãos que tapam o seu rosto, olhar pro abismo debaixo dos seus pés (sim, ele sempre esteve lá!) e tentar inventar um jeito só seu de cruzar todo esse vazio até o outro lado. Pode ser com piadas de humor negro, pode ser cantando as músicas daquele jeito errado que gosta de fazer, pode ser sozinho, pode ser acompanhado, pode ser segurando uma espada Jedi em cima de um monociclo enquanto a plateia te joga tomates. Só não pode ser se fingindo de morto pra esperar o mundo acabar.

Bem. Pode ser que você um dia resolva fazer isso tudo, não é? E pode ser que nada dê certo, concorda? Você pode cair, se machucar, se quebrar pra valer. Pode se arrepender de cada maldita escolha feita na hora da emoção. Pode maldizer o marco zero, aquele momento em que decidiu dar um passo incerto. Não há garantias, eu sei, você sabe.

Mas há portas a serem abertas, e elas podem dar em cômodos escuros ou paisagens maravilhosas. E eu, se fosse você, não abriria mão do mágico mundo das possibilidades.

Mas veja, eu não sou você. Sou só a autora desse texto. E apesar de saber escrever uma boa história, sei que eu não pude/não posso/não poderei mudar a sua. Afinal, ninguém muda ninguém, cada um tem de fazer as próprias escolhas com a coragem que tem no coração. Mas eu torço, de verdade, pra que você descubra que é possível mesmo e consiga ser (mais) feliz.


quinta-feira, 18 de agosto de 2016

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Reconciliação

De todas que fui
E todas que tentei não ser
A que pro espelho disse: tudo bem, meu bem
Foi, de longe, a que mais gostei.

quinta-feira, 17 de março de 2016

As memórias que ficam e as pessoas que vão

Eu tenho lembranças das pessoas com quem já convivi de perto e quase sempre acabo achando que elas continuam as mesmas de 6 anos atrás. Que elas gostam das mesmas músicas e falam as mesmas coisas. 

E quando eu as encontro por aí ou elas vêm me dar um oi casual e eu resolvo saber como estão e o que pensam, vejo que, uau, são outras. Não têm o mesmo gosto e até se esqueceram das opiniões que um dia defenderam. 

As memórias que eu tenho e que fico alimentando como se fossem violetas (nunca sei cuidar de violetas, estão sempre quase secando e quase morrendo quando lembro de dar água), lembrando vez ou outra para que não desapareçam, essas permanecem iguais, como se as pessoas tivessem de repente parado naquele tempo, continuando a respirar da mesma forma e a usar o mesmo corte de cabelo e tudo mais.

Mas que bom, elas mudam, eu mudo, você muda e todos vamos para lugares melhores ou nos tornamos pessoas melhores. Bem, deveríamos, pelo menos. 

Pode ser que eu seja apenas um sistema operacional antigo que precisa o tempo todo de atualizações e o cérebro no comando simplesmente se recuse a instalar as atualizações que ficam aprecendo nas notificações. 

Ou talvez a memória seja um disco que a gente gosta de tocar sempre do mesmo lado, as mesmas músicas em uma vitrola que nem fabricam mais. E a vida é essa doideira que vai evoluindo e de repente a gente tem de lidar com o fato de que a nossa música preferida fica agora no meio de planilhas de excel e ao invés de ter um encarte todo bonito, hoje ela é só um arquivinho escrito mapa_mundi.mp3.