E quando eu as encontro por aí ou elas vêm me dar um oi casual e eu resolvo saber como estão e o que pensam, vejo que, uau, são outras. Não têm o mesmo gosto e até se esqueceram das opiniões que um dia defenderam.
As memórias que eu tenho e que fico alimentando como se fossem violetas (nunca sei cuidar de violetas, estão sempre quase secando e quase morrendo quando lembro de dar água), lembrando vez ou outra para que não desapareçam, essas permanecem iguais, como se as pessoas tivessem de repente parado naquele tempo, continuando a respirar da mesma forma e a usar o mesmo corte de cabelo e tudo mais.
Mas que bom, elas mudam, eu mudo, você muda e todos vamos para lugares melhores ou nos tornamos pessoas melhores. Bem, deveríamos, pelo menos.
Pode ser que eu seja apenas um sistema operacional antigo que precisa o tempo todo de atualizações e o cérebro no comando simplesmente se recuse a instalar as atualizações que ficam aprecendo nas notificações.
Ou talvez a memória seja um disco que a gente gosta de tocar sempre do mesmo lado, as mesmas músicas em uma vitrola que nem fabricam mais. E a vida é essa doideira que vai evoluindo e de repente a gente tem de lidar com o fato de que a nossa música preferida fica agora no meio de planilhas de excel e ao invés de ter um encarte todo bonito, hoje ela é só um arquivinho escrito mapa_mundi.mp3.